Sobre a importância da escuta ativa, da autonomia, da cocriação e da confiança técnica na entrega de projetos…
“Nossa, superou muito as minhas expectativas” – Rafaella Mello, Analista de Relacionamento Vale e Responsável pelo Investimento Social Voluntário dos Projetos da Empresa.
Sempre que nos dedicamos a uma nova entrega, seja ela uma metodologia continuada ou um projeto pontual, gostamos de avaliar todas as variáveis que a envolvem. Com isso, é fundamental iniciar esse mapeamento por compreender ao máximo a realidade e o contexto das pessoas que serão beneficiadas pela existência da iniciativa.
Contudo, compreender também (e com o mesmo nível de importância) quais as motivações de quem está por trás do que está sendo demandado (tanto nas dimensões pessoais, da filosofia de vida e das expectativas profissionais) e da empresa (em aspectos estratégicos e de metas). E, por fim: qual o nosso contexto/mundo para fazer o que iremos fazer. Aqui entram os aspectos políticos, sociais, tecnológicos e como eles atravessam todas as camadas anteriores. E isso é o que muda tudo na forma de misturar todos os ingredientes no caldeirão da construção de entregas!
No último dia 14/06, demos o pontapé inicial no Redes.lab, um projeto da Vale desenhado a várias mãos cujo objetivo é fortalecer lideranças e suas organizações sociais do território da Costa Verde, no Rio de Janeiro.
O ponto de partida: como tornar pessoas e organismos que já fazem um trabalho de grande relevância em seus territórios ainda mais potentes e capazes de alcançar novos patamares, em rede?
Como críticos da distância entre a teoria da academia e a realidade prática da sociedade, nosso papel sempre foi construir caminhos que fizessem exatamente essa ponte, estimulando nas pessoas a capacidade de pensamento crítico, mas também de atuação prática.
E aqui, com a sorte de termos encontrado na equipe da Vale, por meio da Rafaella Mello, Thálita Mendes, Caroline Ovidio, Luiz Guilherme e Elane Costa (da Coordenação de Relacionamento com Comunidade – Portos Sul, Projetos e Investimentos Sociais), o mesmo desejo e propósito, tendo a oportunidade de construir uma jornada de aprendizagem que começa conosco e se conclui com o Instituto Mazomba.
Em cocriação, elaboramos do naming à forma de fazer, de modo a termos mesmo na assinatura, o norte do trabalho: Redes.lab – um laboratório de inovação social para atuação em rede.
Futurismo, Inteligência Artificial, Métodos Ágeis… quem disse que a comunidade não pode ser inovadora?
Para equilibrarmos forças de transformação da desigualdade social e econômica, o que comumente fica restrito aos espaços de privilégio do conhecimento (nos campos do mercado e das startups) precisa chegar aos povos tradicionais, Quilombolas, indígenas, povos pesqueiros, jovens da periferia…
Para a construção de projetos, é preciso saber identificar onde dói. E depois, priorizar. E em seguida, com didática, instrumentalizar para apontar os caminhos de acesso às oportunidades, com acompanhamento, paciência e de mãos dadas, retirando primeiro uma e depois as duas rodinhas da bicicleta. Mas, sobretudo, permitindo que cada um suba na sua própria e exercite o andar, criando seus próprios caminhos.
Se os desafios atravessam as pessoas, elas precisam ser parte fundamental da transformação das realidades.
Para nós, o que faz a diferença no cotidiano da atuação social é enxergar o público-alvo como fonte a ser potencializada a partir de suas conquistas, e não limitadas pela realidade pressuposta: quem disse (além dos etaristas) que idosos não conseguem usar IA? Que não querem se antenar para o que já é presente e está mudando o futuro?
Durante o encontro, após o módulo de IA, com a problematização sobre o quanto isso já impacta nossos dias e que é necessário estar no cotidiano do social, um dos participantes nos buscou confessando “depois que usei IA senti que passei um monte de pessoas lá do escritório em produtividade”.
Em outro exercício, sobre a importância do mapeamento embasando aquilo que vamos resolver no território, jovens criaram projetos para idosos e também o oposto. O primeiro grupo, acreditou que as principais demandas dos mais velhos eram por cuidados paliativos e suporte de mobilidade. Ao fazerem a segunda parte da atividade, constataram que a demanda era por inclusão digital e aperfeiçoamento técnico.
Ou seja, “Nada sobre nós, sem nós”. Nada deve ser idealizado se não envolver diretamente quem irá usufruir do objeto fim do projeto. Do contrário, ainda que se garanta algumas fotos bonitas, corre-se o risco de, antes mesmo de iniciar a idealização, a efetividade do trabalho e do investimento não resultem em nada. Construir iniciativas sem considerar as motivações particulares de quem as constrói, tampouco. O ser-humano, como indivíduo que se constitui de construções, não é um CNPJ frio. Cada um tem sua história e ela precisa ser reconhecida e alimentada pela praxis cotidiana. O trabalho somente pelo boleto pode nos matar em vida. As metas e resultados da empresa, precisam ser atendidos com entregas de efetividade. Com indicadores sistematizados, com depoimentos, mas sobretudo, com cases vivos de legado prático daquilo que se propôs.
Esse foi apenas o primeiro encontro de uma caminhada que só se conclui em 2026. Mas, sem dúvidas, começar com o passo certo garante que os demais sejam mais fáceis rumo ao objetivo conjunto da rede: pessoas, empresas, organizações sociais, comunidades e, por consequência, toda a sociedade.
Obrigado Vale, equipe e, sobretudo, a cada uma e cada um dos participantes que estão transformando tudo isso em uma experiência mágica.